O especialista Rodrigo Balassiano informa que a Instrução CVM nº 175 representa um marco na regulação dos fundos de investimento no Brasil. Com o objetivo de modernizar e padronizar as normas que regem o setor, ela trouxe impactos relevantes, especialmente sobre a estruturação de fundos que investem no exterior, como os chamados fundos offshore. Para investidores brasileiros com interesse em diversificação internacional, a nova regulamentação exige atenção redobrada às mudanças implementadas.
A norma substituiu mais de 38 instruções e atos normativos anteriores, consolidando as diretrizes em um único documento. Entre os principais pontos, estão a definição clara das classes e subclasses dos fundos, a transparência na comunicação com o investidor e a forma de contabilização de ativos offshore. Isso significa que os gestores e administradores de fundos precisam agora ajustar seus produtos para garantir conformidade com a nova legislação.
O que muda na estrutura dos fundos com a ICVM 175?
A ICVM 175 introduziu um modelo modular para os fundos de investimento, permitindo a criação de classes e subclasses dentro de um mesmo fundo. Rodrigo Balassiano explica que isso facilita a gestão de diferentes estratégias, inclusive com exposições internacionais, sem a necessidade de constituição de múltiplos veículos. No caso dos fundos com ativos offshore, a nova norma define regras específicas quanto à precificação, escrituração e limites de alocação, exigindo maior rigor e detalhamento por parte dos administradores.
Além disso, os fundos passam a ser responsabilizados juridicamente como condomínios com personalidade jurídica, o que traz implicações importantes para os passivos, incluindo os decorrentes de investimentos internacionais. Essa mudança reforça a necessidade de due diligence mais criteriosa por parte dos gestores em relação aos ativos adquiridos no exterior, para mitigar riscos legais e operacionais, e assegurar a proteção dos cotistas.
Como a ICVM 175 impacta os investimentos offshore?
Com a nova norma, a exposição a ativos no exterior deve ser claramente informada nos documentos do fundo, e os riscos associados precisam ser descritos de forma acessível ao investidor. Rodrigo Balassiano ressalta que isso aumenta a transparência, mas também exige mais preparo técnico dos gestores na hora de estruturar os fundos, considerando aspectos como a variação cambial, a tributação internacional e a compatibilidade regulatória com as jurisdições dos ativos.

Outro ponto relevante é que a norma estipula critérios mais rígidos para fundos que ultrapassam determinados percentuais de exposição offshore. Por exemplo, fundos que investem mais de 40% em ativos no exterior precisam seguir regras específicas de demonstração contábil e gestão de riscos. Essa exigência leva à revisão de estratégias por parte dos gestores, principalmente aqueles que oferecem produtos voltados à diversificação geográfica.
Quais os desafios e oportunidades para o investidor brasileiro?
Para o investidor qualificado, a ICVM 175 oferece maior segurança jurídica e transparência, o que pode incentivar uma maior alocação em fundos com exposição internacional. Entretanto, ele também precisa compreender melhor os riscos envolvidos e os aspectos tributários desses investimentos. Rodrigo Balassiano analisa que, com a exigência de mais informações por parte dos fundos, o investidor terá mais recursos para avaliar a viabilidade e adequação de cada produto ao seu perfil e objetivos financeiros.
Ao mesmo tempo, a norma pode impulsionar a inovação no setor, estimulando a criação de fundos mais eficientes e diversificados. Gestores que conseguirem se adaptar rapidamente às exigências regulatórias e oferecer produtos bem estruturados terão vantagem competitiva. Para o investidor, isso significa acesso a alternativas internacionais mais seguras e alinhadas com as melhores práticas do mercado global.
Adaptação é a chave para o novo cenário
Por isso Rodrigo Balassiano conclui que a ICVM 175 marca uma nova fase para os fundos de investimento brasileiros, trazendo mais clareza, segurança e padronização ao setor. Para os fundos com exposição offshore, as exigências aumentaram, mas também abriram caminho para maior profissionalização e transparência. Investidores e gestores precisam trabalhar juntos na adaptação às novas regras, aproveitando as oportunidades que surgem com um mercado mais regulado e integrado ao cenário internacional.
Autor: Alexeev Voronov Silva