O senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, manifestou-se publicamente pela primeira vez sobre a situação da deputada licenciada Carla Zambelli, que se encontra foragida da Justiça desde sua condenação por crimes ligados à invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça. Flávio reconheceu que Zambelli cometeu crime, mas afirmou que ela é vítima de perseguição política, justificando sua defesa diante do cenário judicial que resultou na pena de dez anos de prisão para a parlamentar. A declaração do senador veio em entrevista recente à imprensa, onde também questionou o ritmo acelerado do julgamento no Supremo Tribunal Federal.
Carla Zambelli foi condenada por ter participado da invasão hacker do CNJ, junto com o hacker Walter Delgatti Netto, ação que resultou na inserção de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. Após o trânsito em julgado da sentença, Zambelli deixou o Brasil e foi vista chegando à Itália, país onde possui dupla cidadania. Desde então, seu paradeiro é desconhecido das autoridades brasileiras, o que aumenta a pressão para sua possível extradição. A defesa feita por Flávio Bolsonaro sobre a deputada reforça o discurso de que há um viés político na condenação e na perseguição contra aliados do governo Bolsonaro.
Na entrevista, Flávio Bolsonaro ponderou que apesar de reconhecer o crime cometido por Zambelli, a pena imposta seria desproporcional e motivada por questões políticas, o que reforça sua alegação de perseguição. Ele criticou a rapidez com que o Supremo Tribunal Federal conduziu o processo, argumentando que a tramitação não seguiu o ritmo comum esperado para casos semelhantes. Essa visão de que o julgamento da deputada tem caráter político vem causando divisões dentro do cenário político nacional, com aliados do ex-presidente Bolsonaro tentando minimizar os impactos negativos que o caso tem provocado.
A fuga da deputada Carla Zambelli tem sido um tema sensível para o grupo político bolsonarista, já que muitos aliados se afastaram dela após episódios controversos, como a perseguição armada de um homem em São Paulo em 2022. O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro declarou publicamente não ter qualquer relação com a fuga da parlamentar, que agora enfrenta condenação criminal e está em situação de foragida. Apesar disso, o senador Flávio Bolsonaro mantém uma posição de apoio incondicional, defendendo que Zambelli merece ser beneficiada por propostas de anistia que ainda estão em debate no Congresso Nacional.
Do lado das autoridades brasileiras, o ministro da Justiça Ricardo Lewandowski afirmou que o governo possui informações sobre o possível paradeiro da deputada na Itália e que as negociações para sua extradição estão em andamento. Lewandowski citou o precedente da extradição de Cesare Battisti para ilustrar a cooperação judicial entre Brasil e Itália, reforçando que a Constituição italiana não impede a extradição quando existe tratado bilateral entre os países. No entanto, essa informação contrasta com a declaração da subsecretária do Interior da Itália, Wanda Ferro, que afirmou que a polícia local ainda não conseguiu localizar Carla Zambelli.
A situação de Carla Zambelli levanta discussões sobre o equilíbrio entre a justiça e a política no Brasil, especialmente em casos que envolvem figuras públicas e episódios controversos. A defesa feita por Flávio Bolsonaro ao afirmar que Zambelli foi vítima de perseguição política traz à tona a polarização que ainda domina o cenário político brasileiro, refletindo as disputas acirradas que envolvem o legado do governo Bolsonaro e as ações judiciais contra seus aliados. Essa disputa entre narrativa judicial e política promete continuar influenciando debates nos próximos meses.
O senador Flávio Bolsonaro também enfatizou a importância de um tratamento justo e proporcional para casos que envolvem seus aliados, destacando a necessidade de evitar penas excessivas que possam ser interpretadas como perseguição política. Ele defende que a parlamentar deve ser beneficiada pelo projeto de anistia que contempla condenados pelos atos relacionados aos eventos de 8 de janeiro de 2023, apesar de o projeto ainda estar travado no Congresso. Essa defesa política mantém a tensão em torno da situação de Zambelli e reforça a narrativa de que seu caso ultrapassa o âmbito jurídico.
Em suma, a declaração de Flávio Bolsonaro de que Zambelli foi vítima de perseguição política intensifica o debate público sobre justiça, política e o tratamento dado a figuras controversas no Brasil. Com a deputada foragida e a expectativa de sua extradição, o caso segue sob os holofotes, enquanto aliados e adversários do grupo político Bolsonaro buscam influenciar a opinião pública e os desdobramentos judiciais que ainda estão por vir. A situação reafirma a complexidade e a polarização que marcam a política brasileira atual.
Autor: Alexeev Voronov Silva