O profissional da área, Diego Borges, elucida que falar em saneamento básico é falar em qualidade de vida, prevenção de doenças e condições mínimas para que uma cidade se desenvolva de forma organizada e sustentável. Logo nas primeiras reflexões, Diego Borges destaca que água tratada, coleta e tratamento de esgoto, manejo adequado de resíduos sólidos e drenagem urbana não são luxos urbanos, mas infraestrutura essencial, com impacto direto sobre indicadores de saúde, produtividade econômica e bem-estar social.
Quais são os impactos do saneamento básico, e porque ele é tão importante para nossa sociedade? Compreenda isso e muito mais no artigo a seguir!
Saneamento básico como pilar da saúde pública
A relação entre saneamento básico e saúde pública é uma das mais consolidadas na literatura técnica e na prática das cidades. Onde falta água tratada, coleta de esgoto e manejo adequado de resíduos, proliferam doenças de veiculação hídrica, contaminação de alimentos e ambientes, além de vetores como mosquitos, ratos e baratas. Conforme expõe Diego Borges, investir em saneamento é, antes de tudo, investir em prevenção, reduzindo a demanda por atendimento hospitalar e o custo dos sistemas de saúde.
Doenças como diarreias, hepatites virais, parasitoses e leptospirose encontram terreno fértil em áreas com esgoto a céu aberto e ausência de drenagem adequada. Crianças e idosos são particularmente vulneráveis, o que reforça o caráter socialmente injusto da falta de saneamento. Quando os sistemas são estruturados e mantidos com qualidade, há queda consistente na incidência dessas enfermidades, com reflexos positivos nos índices de mortalidade infantil e expectativa de vida.
Junto a isso, a saúde mental também é afetada, isso porque, viver em áreas alagadas com frequência, conviver com mau cheiro, lixo acumulado e esgoto exposto gera sensação constante de insegurança e abandono. O saneamento, portanto, não atua apenas sobre o corpo físico, mas sobre a percepção de dignidade e pertencimento dos moradores em relação à cidade.
Desenvolvimento urbano, produtividade e valorização imobiliária
O saneamento básico é um dos grandes organizadores do desenvolvimento urbano. Cidades que estruturam redes de água, esgoto e drenagem de forma planejada conseguem orientar a ocupação do solo, definir áreas adequadas para expansão, preservar zonas de proteção ambiental e evitar adensamentos informais em áreas de risco. Na leitura de Diego Borges, essa infraestrutura é a base para qualquer projeto consistente de crescimento urbano.
Empresas e investidores consideram a existência de saneamento ao tomar decisões sobre instalação de empreendimentos. Sem garantia de abastecimento de água, coleta de esgoto e manejo adequado de resíduos, atividades industriais, comerciais e de serviços tornam-se mais arriscadas, caras ou até inviáveis. Cidades com bons índices de saneamento tendem a atrair mais negócios, gerar empregos e ampliar a base de arrecadação, alimentando um círculo virtuoso de desenvolvimento.
Outro aspecto importante é a valorização imobiliária. Imóveis localizados em áreas com saneamento completo valem mais e são mais procurados. Ao contrário, regiões carentes de infraestrutura sofrem desvalorização crônica, dificultando que famílias utilizem sua moradia como ativo patrimonial. Diego Borges enfatiza que, nesse sentido, o saneamento funciona como política de inclusão econômica, pois contribui para reduzir a distância entre bairros bem atendidos e periferias negligenciadas.
Desigualdades no acesso e desafios estruturais
Apesar de sua importância, o acesso ao saneamento básico ainda é marcado por fortes desigualdades, especialmente em países em desenvolvimento. Em muitas cidades, áreas centrais e bairros de maior renda contam com redes consolidadas, enquanto periferias, assentamentos informais e zonas rurais urbanizadas permanecem à margem dessa infraestrutura. Diego Borges explica que essa desigualdade territorial reforça ciclos de vulnerabilidade social e limita o potencial de desenvolvimento de grandes parcelas da população.

Os desafios para expandir o saneamento são múltiplos. Há questões técnicas, como topografia complexa, ocupações em áreas sujeitas a inundações ou encostas instáveis, há questões institucionais, envolvendo fragmentação de competências entre diferentes entes e órgãos, e questões financeiras, relacionadas à capacidade de investimento e à estrutura tarifária dos serviços. Em muitos casos, a falta de continuidade em políticas públicas e a ausência de planejamento de longo prazo agravam esses obstáculos.
Além disso, o crescimento urbano desordenado, sem controle de loteamentos e sem exigência de infraestrutura mínima, cria uma espécie de “débito de saneamento” acumulado. Regularizar a situação depois da ocupação consolidada é mais caro e complexo do que estruturar redes antes da expansão. Diego Borges frisa que enfrentar esse histórico exige coragem política, integração entre planejamento urbano e saneamento, e priorização de áreas mais vulneráveis.
Caminhos para avançar em políticas e gestão do saneamento
Superar defasagens em saneamento básico depende de uma combinação de investimentos, boa governança e modelos de gestão eficientes. Em primeiro lugar, é necessário tratar o saneamento como política de Estado, com metas claras, planos setoriais consistentes e continuidade entre diferentes gestões. Programas pontuais, sem base técnica e sem monitoramento, dificilmente geram resultados duradouros.
A governança do setor precisa ser transparente e orientada por indicadores. Isso inclui monitorar perdas de água, índices de atendimento de água e esgoto, qualidade do efluente tratado, ocorrência de alagamentos e satisfação do usuário. Modelos de gestão podem envolver empresas públicas, privadas ou parcerias, desde que existam mecanismos de regulação robustos, fiscalização efetiva e foco em universalização com tarifas socialmente justas.
A participação da sociedade também é importante. Conselhos, audiências e canais de diálogo permitem que moradores apontem problemas, acompanhem obras e cobrem prioridades. Diego Borges reforça que a população das áreas mais afetadas pelo déficit de saneamento precisa ser ouvida na tomada de decisão, para que projetos reflitam necessidades reais e fortaleçam o vínculo entre comunidade e poder público.
Integrando o saneamento básico a outras políticas urbanas e públicas
Finalmente, integrar saneamento básico a outras políticas urbanas amplia o impacto das ações. Projetos de urbanização de favelas, regularização fundiária, habitação de interesse social, mobilidade e recuperação ambiental tornam-se mais efetivos quando incluem redes de água, esgoto, drenagem e gestão de resíduos desde o início. Ao encarar o saneamento como eixo estruturante da cidade, e não como complemento tardio, gestores públicos e sociedade podem transformar realidades locais de forma mais profunda.
Em síntese, os impactos do saneamento básico na saúde e no desenvolvimento urbano são diretos, mensuráveis e decisivos. Investir nessa infraestrutura é reduzir doenças, ampliar oportunidades econômicas, valorizar territórios e promover maior justiça social. A perspectiva de Diego Borges mostra que, ao priorizar o saneamento, uma cidade não está apenas resolvendo um problema técnico, está fazendo uma escolha clara por um futuro mais equilibrado, saudável e sustentável para todos os seus habitantes.
Autor: Alexeev Voronov Silva
