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Pela primeira vez na década, Brasil sai da lista dos 10 mercados mais estratégicos para CEOs

A proporção dos executivos de empresas otimistas sobre o crescimento global dobrou de um ano para o outro no mundo, mas o Brasil ficou de fora da lista dos 10 países mais estratégicos para os CEOs. Foi a primeira vez na década que o país não ficou no “top 10” dos mercados com maiores potenciais de crescimento para os negócios globais.

O levantamento é da 27ª edição da clássica pesquisa Global CEO Survey, feita pela PwC e que entrevistou mais de 4.700 CEOs em cerca de 100 países, incluindo o Brasil. A pesquisa foi apresentada na abertura da reunião anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos.


No ranking de países mais citados em 2024, Estados Unidos lidera, seguido da China. Confira:

1º) Estados Unidos
2º) China
3º) Alemanha
4º) Reino Unido
5º) Índia
6º) França
7º) Canadá
8º) Japão
9º) Austrália
10º) México
Segundo a PwC, apesar da liderança seguir com os Estados Unidos, dessa vez houve uma queda de 11 pontos percentuais nas citações do país norte-americano, que se aproximou da China.

“Estamos vivendo um momento onde parte expressiva do mundo está em conflito ou na sua iminência”, afirma o sócio-presidente da PwC Brasil, Marco Castro. “Os países que não estão nessas regiões são maduros ou sem grandes oportunidades para os investidores”.

Ele avalia, porém, que mesmo saindo do ranking dos 10 principais mercados, o Brasil ainda está num grupo privilegiado de atração de investimentos. “Estamos em conflitos, com perspectivas econômicas mais positivas, com upsides importantes e oportunidades”, diz. “Temos uma profunda crença no potencial do país como player importante na transição para uma economia verde e em áreas como produção de alimentos e transição energética, alternativa clara no realinhamento das cadeias produtivas e investimentos em infraestrutura”.

CEOs olham para inteligência artificial
A pesquisa aponta ainda outros insights importantes sobre o olhar dos CEOs globais. Um deles é sobre inteligência artificial generativa, assunto que dominou as rodas de conversas empresariais em 2023.

Segundo o levantamento, nos próximos 12 meses, cerca de metade dos CEOs no Brasil e no mundo esperam que a IA generativa melhore a sua capacidade de construir confiança junto ao mercado e 64% dos CEOS brasileiros esperam que essa tecnologia melhore a qualidade dos seus produtos ou serviços.

Nos próximos três anos, cerca de 70% dos entrevistados no Brasil e no mundo preveem que a IA generativa aumentará a concorrência, impulsionará mudanças nos seus modelos de negócio e exigirá novas competências da força de trabalho.

Por outro lado, o levantamento mostrou que 25% dos CEOs no mundo e 31% no Brasil preveem uma redução do número de funcionários em 5% ou mais em 2024 devido à inteligência artificial generativa. Globalmente, os setores que mais vêem a inteligência artifical generativa como um fator de redução de

pessoas nos próximos 12 meses são:

Mídia e Entretenimento (32%)
Seguros (28%)
Bancos e Mercados de Capitais (28%)
Serviços para empresas (25%)
Telecomunicações (25%)
Em contrapartida, 47% dos CEOs no Brasil e 39% no mundo disseram que suas empresas aumentarão o número de funcionários nos próximos 12 meses.

Mudança climática no radar
Outro assunto do momento são as mudanças climáticas. E a pauta está na agenda dos CEOs globais.

Cerca de três quartos dos entrevistados em todo o mundo apontaram que têm esforços em curso ou concluídos para melhorar a eficiência energética. No Brasil, o índice é de 71%.

Além disso, cerca de dois terços dos CEOs no Brasil e no mundo afirmam ter projetos em curso ou

concluídos para novos produtos, tecnologias ou serviços ambientalmente responsáveis. Por outro lado, menos da metade de todos os entrevistados globalmente (45%) e no Brasil (43%) incorporaram o risco climático no planejamento financeiro.

Quais os obstáculos para empreender
A pesquisa perguntou aos CEOs sobre os obstáculos que eles enfrentam para fazer mudanças em grandes corporações. Entre as barreiras citadas estão:

Processos burocráticos
Prioridades operacionais concorrentes
Recursos financeiros limitados
Competências da força de trabalho
Recursos tecnológicos
Em média, os CEOs afirmam que 40% do tempo gasto em reuniões, processos administrativos e e-mails é ineficiente – enquanto 35% dizem o mesmo em relação a reuniões de tomada de decisão.

Visões sobre o negócio e sobre a economia
Nesta edição da pesquisa, cresceu o número de CEOs brasileiros que acreditam que suas empresas não seriam viáveis por mais de uma década se mantivessem o mesmo rumo nos negócios. Nesta edição, 41% dos respondentes no Brasil manifestaram esse temor, frente 33% do ano passado.

Ou seja, há um entendimento de que existe uma disrupção tecnológica e que as empresas precisam se mexer caso queiram continuar existindo na próxima década.

“Os números da pesquisa mostram que há no horizonte um ímpeto de reinvenção, principalmente quando cruzamos essa agenda com pautas como tecnologia e meio ambiente”, diz Castro. “Globalmente, 46% dos entrevistados disseram que as mudanças tecnológicas impulsionaram muito ou extremamente transformações no modo como suas empresas geram valor nos últimos cinco anos. Já 56% previram o mesmo grau de impacto para os próximos três anos”.

Por outro lado, 36% dos líderes brasileiros acreditam em uma aceleração do crescimento econômico global nos próximos 12 meses. É mais do que o dobro do ano passado. O índice é semelhante à visão dos líderes globais, 38% ante 18% em 2023.

Quando questionados sobre o crescimento econômico de seu próprio país, 55% dos brasileiros enxergam tendência de aceleração para os próximos 12 meses, enquanto a média global é de 44%.

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