Um projeto que avança nas câmaras municipais chama atenção ao regulamentar a forma como bares, restaurantes e estabelecimentos similares disponibilizam seus menus aos clientes. A proposta exige que as casas que comercializam bebidas, refeições ou lanches mantenham versão impressa do menu à disposição do público além ou independentemente de formatos exclusivamente digitais. A mudança reflete uma preocupação com o acesso de consumidores que por diferentes motivos não utilizam dispositivos eletrônicos no momento da refeição.
Apresentado por vereadores que apontam cenário de exclusão, o projeto visa assegurar que todos os clientes possam consultar preços, ingredientes e opções de serviço de forma visível e acessível. Em cidades onde o uso do menu digital via QR code ou aplicativo se generalizou, o argumento central da medida é que depender apenas dessa versão pode deixar de fora pessoas idosas, aquelas sem smartphone, sem conexão com internet ou que preferem consulta rápida sem tela. O debate se estende ao direito de escolha e à usabilidade da tecnologia no cotidiano do atendimento.
Os parlamentares relatam que o atendimento em restaurantes não pode depender exclusivamente de dispositivos que nem sempre estão disponíveis ou funcionais. A proposta estipula que o estabelecimento mantenha pelo menos uma versão física do menu em local de fácil leitura e alcance, preferencialmente no balcão ou entrada, e que essa versão seja atualizada em sintonia com o digital. Locais que adotarem apenas o formato digital estariam sujeitos a penalidades. O objetivo é equilibrar inovação tecnológica com inclusão.
Do lado da indústria gastronômica, os empresários manifestam inquietação com os custos adicionais que a obrigação de imprimir menus pode acarretar, bem como com a necessidade de manter versão física atualizada com a mesma frequência do digital. Por outro lado, muitos reconhecem que a estratégia pode melhorar a experiência de clientes que se sentem desconectados da tecnologia ou preferem atendimento tradicional. A adaptação pode exigir mudanças logísticas, mas também abre espaço para reconectar com públicos que se sentem afastados.
Especialistas em consumo e atendimento ressaltam que a coexistência dos formatos físico e digital pode gerar efeito positivo em termos de acessibilidade e eficiência. O menu impresso resolve limitações de tecnologia, enquanto o digital permite agilidade, atualizações em tempo real e interação dinâmica. A medida forma um equilíbrio, exigindo do setor que pense tanto na jornada tecnológica quanto na questão humana do atendimento, sem deixar nenhum dos dois de lado.
Na perspectiva do consumidor, a nova regra representa um ganho direto no que diz respeito à clareza das informações. A versão física evita situações de constrangimento ou demora quando o celular não funciona, a bateria está baixa, ou o usuário não domina o processo digital. Além disso, permite ver de forma imediata o que está disponível, sem depender de sinal de internet ou escaneamento. Isso pode tornar a visita mais fluida e agradável, especialmente em ambientes mais tradicionais ou voltados para públicos diversos.
Legisladores que apoiam o projeto afirmam que a inovação tecnológica não pode substituir o cuidado com a universalidade de acesso e com a experiência do usuário. Eles defendem que o setor de alimentação fora do lar evolui, mas não pode deixar para trás aqueles que dependem do atendimento mais direto. O argumento é que a imposição de menu digital exclusivo gera desvantagem para pessoas que não acompanham a digitalização ou que estão em situação temporária de limitação — como estrangeiros, idosos ou consumidores que desconhecem o sistema.
A aprovação final da norma ainda exige tramitação, votação em plenário e sanção municipal para entrar em vigor. Se avaliada positivamente, o setor terá prazo para se ajustar, imprimir, exibir e manter as versões físicas em paralelo com as digitais. O resultado promete ser um ambiente gastronômico mais inclusivo, oferecendo alternativa para todos os perfis de cliente, e reforçando a ideia de que a modernização pode andar junto com atendimento humanizado e acessível.
Autor: Alexeev Voronov Silva
